Entenda como as alterações degenerativas típicas da terceira idade afetam a coluna vertebral e quando as cirurgias podem somar na qualidade de vida dos idosos
Você já deve ter ouvido por aí a frase: ‘não se faz mais idoso como antigamente’. Ela é comum devido à crescente preocupação com os cuidados na terceira idade, especialmente com o aumento da expectativa de vida. Ou seja, se estamos vivendo mais, precisamos viver bem.
Por isso, neste Dia Nacional do Idoso, reforço a importância de cuidar da saúde da coluna como parte do envelhecimento saudável. Ao prevenir problemas e buscar tratamento adequado, os idosos podem manter sua independência e bem-estar por muitos anos.
O envelhecimento e a coluna
No meu dia a dia como médico, frequentemente encontro pacientes idosos preocupados com a saúde da coluna. E consequentemente com o impacto das alterações degenerativas associadas ao envelhecimento. Atualmente esse é um tema importante, pois todos nós, à medida que envelhecemos, passamos por mudanças nessa importante estrutura de sustentação do nosso corpo.
Acontece que, ao longo dos anos, passamos por um processo degenerativo. No caso da coluna, esse processo afeta as partes óssea, muscular e até neurológica. Isso leva a sintomas como dor, fraqueza e perda de equilíbrio. Com esses sintomas, ocorre também a diminuição da mobilidade e da autonomia.
Principais aspectos ligados ao envelhecimento relacionados à coluna
Um aspecto comum entre os idosos é a sarcopenia, caracterizada por uma grande e acelerada perda de massa muscular, os músculos propriamente dito. Essa condição aumenta o risco de quedas e, consequentemente, de fraturas na coluna e em outros ossos. Não à toa vemos um alto índice de fraturas de fêmur causadas por quedas, ou ainda, a quebra do fêmur que gera a queda.
Destaco também uma condição recorrente, que merece atenção na terceira idade: as complicações dos processos degenerativos. O desgaste dos discos intervertebrais pode gerar compressão das raízes nervosas e da medula espinhal, principalmente na coluna cervical. Isso pode causar dor no pescoço irradiando para os braços e dificuldade em manusear objetos.
Na região lombar, a estenose dos canais pode levar a dores, fraqueza e amortecimento nas pernas. Esses sintomas costumam piorar ao ficar de pé ou caminhar.
Por esses riscos aumentados de intercorrências e doenças é que reforço o quanto é essencial que pessoas já a partir dos 50 anos idosos adotem uma disciplina rígida de acompanhamento nutricional para a recomposição de minerais importantes para a boa manutenção do organismo, bem como a prática de atividade física, em especial a musculação, que atua na construção e manutenção dos músculos e, consequentemente, da proteção da estrutura óssea e dos ligamentos articulares.
Cirurgia de coluna oferece riscos a pessoas 60+?
Assim como nas demais faixas etárias, a gravidade, o impacto dos sintomas e as condições gerais do paciente irão determinar a indicação ou não da cirurgia. A única diferença é que na terceira idade é preciso ampliar um pouco mais algumas investigações para descartar a existência ou condições de comorbilidades, como diabetes e doenças cardiovasculares, entre outras.
Além disso, o avanço das técnicas operatórias, como a cirurgia minimamente invasiva, tem permitido que idosos possam se beneficiar desses procedimentos com muito mais segurança, devido ao menor sangramento, menor risco de infecção e rápida alta hospitalar.
No pós-operatório, um dos maiores receios dos pacientes é a dor. Felizmente, hoje os médicos realizam técnicas de bloqueio anestésico na sala de cirurgia, antes do procedimento começar, garantindo uma recuperação muito mais tranquila.
Em suma, essas são algumas das considerações que sempre faço questão de compartilhar com meus pacientes e que acredito serem fundamentais para uma vida ativa e sem dor na terceira idade.
“Uma consideração importante que eu deixo em relação ao tratamento médico na terceira idade é de que é preciso quebrar paradigmas que nessa fase da vida toda dor ou incapacidade é normal e não necessita ser tratada. Apesar de ser comum, nunca será normal e por isso precisam ser tratadas, a despeito de qualquer idade, tendo apenas atenção aos pontos que eu trouxe anteriormente”. Pontua o neurocirurgião.
Desse modo, cuidar da coluna é cuidar da nossa qualidade de vida.
Dr. Alexandre Elias.