A dor pós-operatória tem o histórico de ser inevitável, principalmente em cirurgias de coluna, que envolvem estruturas importantes e sensíveis para a nossa mobilidade. Contudo, um novo protocolo de procedimentos analgésicos aplicado antes da condução do tratamento cirúrgico, ganha cada vez mais a atenção da comunidade médica. Inovador, porém acessível, o método é uma alternativa promissora tanto para os sistemas de saúde privados quanto os públicos.
Quando o tratamento de dor crônica gera dor aguda
Especialmente em relação à coluna, indica-se o tratamento cirúrgico para a diminuição, ou até mesmo alívio total, de uma dor crônica causada por uma doença ou disfunção. No entanto, o procedimento pode ter como consequência quadros dolorosos nas regiões manipuladas, o que é totalmente normal e comum.
Mas, por que dói?
Diferentes fatores explicam a ocorrência e de dor após uma cirurgia. O principal deles diz respeito à resposta do organismo, em maior ou menor grau, às lesões intrínsecas a este tipo de tratamento.
Ou seja, cirurgias, das mais invasivas às minimamente invasivas, geram algum tipo de incisão, corte e manipulações internas que podem desencadear em uma resposta inflamatória e edema, natural do processo e, consequentemente, quadros de dor.
Além disso, algumas cirurgias de coluna envolvem o implante de próteses, pinos, parafusos e, sendo um material estranho ao corpo, pode causar alguma irritação nos tecidos adjacentes, resultando em dor até o corpo se habituar.
Alívio da dor pós-operatória pela abordagem tradicional
Tradicionalmente, o tratamento para dor pós-operatória se baseia em medicamentos orais e injetáveis da classe dos anti-inflamatórios, analgésicos e opioides, administrados após a conclusão procedimento, ou seja, durante o período de recuperação do paciente.
Contudo, essa não é a estratégia mais eficaz para o alívio da dor pós-operatória. É comum o paciente ser atendido em sua queixa posterior, em um grau mais avançado a dor, requerendo doses mais altas dos medicamentos.
Isso explica a recorrência de retorno do paciente ao hospital com queixa de dor, visto que os médicos ajustam as dosagens dos medicamentos conforme o relato do paciente, podendo variar segundo diversos fatores relacionados a percepção de dor de cada indivíduo.
Outro aspecto relevante é o risco atribuído ao uso indevido de opioides — classe de medicamentos potencialmente viciante se tomado fora das doses prescritas pelos médicos.
Como funciona o novo protocolo para o fim das dores pós-operatórias de coluna
O protocolo é baseado em bloqueios anestésicos locais de forma injetável, aplicados em terminações nervosas da região que será manipulada pelos médicos, modulando sua função sensitiva para impedir a transmissão da comunicação da dor por esta via.
Realizado pelo anestesista ou pelo próprio cirurgião, é um procedimento simples, com duração máxima de 15 minutos. Embora seja uma prática ainda pouco comum no Brasil, está disponível nos sistemas saúde públicos e privados.
Com riscos ínfimos de efeitos colaterais, os bloqueios anestésicos dura por dias após o procedimento, sendo o tempo necessário para as estruturas manipuladas se restabeleçam. Outro ponto de destaque é que o paciente conseguirá se movimentar melhor nas primeiras horas do pós-operatório, um aspecto relevante para a sua recuperação geral.
Nesse contexto, a possibilidade receber alta precocemente e não precisar retornar ao hospital por conta de dor é o ideal no contexto do bem-estar do paciente.
É importante enfatizar que, mesmo com o uso dos métodos de bloqueio da dor, os pacientes ainda devem seguir as orientações pré e pós-operatórias para evitar complicações, como:
- não carregar peso;
- fazer caminhadas curtas com calma e atenção a obstáculos;
- não se inclinar para frente ou para trás;
- fazer fisioterapia;
- dentre outras prescrições alinhadas com a equipe médica responsável.
Hora da Coluna #13 — Dor pós-operatória em cirurgias de coluna
Para ampliar o conhecimento do público leigo sobre essa técnica, abordei o assunto no episódio 13 de meu podcast “Hora da Coluna”. Está disponível no Spotify e nos principais agregadores de áudio.
Para escutar clique no link a seguir ou acesse bit.ly/horadacoluna.