Entenda o que é a cervicalgia crônica, suas causas, sintomas e os tratamentos indicados para aliviar a dor no pescoço.
Hoje quero explicar para você essa condição que aparece como queixa frequente dos pacientes nos meus atendimentos. Sendo assim, para quem não está familiarizado com o termo, cervicalgia refere-se à dor localizada na região posterior do pescoço, envolvendo a coluna cervical, que fica entre a cabeça e o início do tórax. Quando denominamos ela como dor crônica, estamos falando de uma dor “teimosa” que persiste por mais de três meses, portanto, exige uma abordagem diferenciada.
No episódio mais recente do meu podcast, Hora da Coluna, discutimos os aspectos fundamentais da cervicalgia crônica, que resumi neste artigo para você conferir.
O que causa a cervicalgia crônica?
A sua causa mais comum está associada ao processo natural de degeneração da coluna cervical. À medida que envelhecemos, os discos intervertebrais vão perdendo suas estruturas, alterando funções ao seu redor, o que pode gerar dores persistentes. Alterações como hérnias de disco ou os famosos “bicos de papagaio” (osteófitos) também podem estar conectados ao problema, comprometendo a qualidade de vida.
Outro fator comum – e cada vez mais presente – é a má postura frequente. O uso constante de smartphones, com a cabeça inclinada para frente, sobrecarrega a musculatura cervical. Esse “peso extra” pode provocar crises de dor aguda, que no longo prazo se tornam crônicas.
Além disso, exercícios físicos feitos de forma incorreta, atividades de alta intensidade e até mesmo tensões musculares causadas por problemas emocionais, como ansiedade e estresse também crônicos, podem sobrecarregar essa região, causando dor e rigidez no pescoço.
A cervicalgia crônica pode irradiar dor para outras regiões do corpo?
A resposta é sim, a cervicalgia crônica não se limita à dor no pescoço. Em quadros mais avançados, pode haver irradiação da dor para os ombros, braços e escápulas. Já nos casos de compressão nervosa, é comum surgirem sintomas como formigamento, dormência e até perda de força nos membros. Mas fique tranquilo! Esses casos são menos comuns e, com diagnóstico correto, as chances de melhora são altas.
É importante saber também que nem toda dor cervical está relacionada a alterações degenerativas. Problemas na articulação temporomandibular (ATM), e questões posturais ligadas à coluna torácica também podem ser responsáveis pelos sintomas. Por isso, o diagnóstico correto é essencial.
Diagnóstico e tratamento da cervicalgia crônica
O primeiro passo para obter um diagnóstico correto é seguir com uma conversa com um profissional especializado. Primeiramente, é necessário descobrir o máximo de informações sobre o quadro, o que chamamos de anamnese, e realizar um exame clínico detalhado. Ressonância magnética, tomografia e raios X dinâmicos podem, assim, confirmar o que foi observado na consulta.
O tratamento inicial da cervicalgia crônica envolve medicações específicas e medidas de reabilitação física, essencialmente fisioterápicas.
Eu entro particularmente no atendimento da cervicalgia crônica que não apresentou melhoras com todas as terapias anteriores, atuando com procedimentos minimamente invasivos, especialmente o vídeo endoscópico. A técnica visa reparar a região afetada, descomprimindo raízes nervosas, reconstruindo estruturas degeneradas, entre outros.
Se você gostou deste artigo, te convido a ouvir o episódio completo do meu podcast Hora da Coluna, onde me aprofundei ainda mais no tema. Clique aqui para conferir e compartilhar com quem mais pode se beneficiar com ele.
Dr. Alexandre Elias
Neurocirurgião de coluna com foco em cirurgia minimamente invasiva e atua há 20 anos na área. É também especialista pela Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN), pela Sociedade Brasileira de Coluna Vertebral (SBC), mestre pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e research fellow em cirurgia da coluna vertebral na University of Arkansas for Medical Sciences (EUA). O médico ainda atuou como preceptor de cirurgia de coluna vertebral no Departamento de Neurocirurgia e de Coluna do Setor da Unifesp de 2007 a 2015 e foi Chefe de Coluna do setor, de 2010 a 2015. Atualmente é membro do Hospital Sírio-Libanês e do Centro de Dor e Neurocirurgia Funcional do Hospital 9 de Julho.