Um levantamento realizado e divulgado recentemente pelo Ministério da Previdência Social, apontou a hérnia de disco como a doença que mais gerou afastamento temporário do trabalho no ano de 2023.
Dos mais de 2,5 milhões de trabalhadores que obtiveram o benefício de incapacidade temporária no ano passado, mais de 51 mil foram devido à hérnia de disco.
Para entender o motivo de tão alta incidência da doença, que, aliás não é apenas no Brasil, mas em diversas partes do mundo, vamos a alguns esclarecimentos:
Como ocorre a hérnia de disco
A hérnia de disco é uma condição que ocorre quando o núcleo gelatinoso de um disco intervertebral se projeta através da camada externa mais resistente, chamada de anel fibroso. Os discos intervertebrais são estruturas localizadas entre as vértebras da coluna vertebral e têm a função de agir como amortecedores, proporcionando flexibilidade e absorção de impacto.
A coluna vertebral é composta por vértebras empilhadas e separadas pelos discos intervertebrais. Cada disco intervertebral tem uma parte externa fibrosa e uma parte interna mais gelatinosa. Quando o material gelatinoso se projeta além da camada externa, isso é chamado de hérnia de disco.
Por que a hérnia de disco possui alta incidência na população?
A partir do momento que começamos a caminhar com os dois pés, quando crianças, estamos exigindo mais força da nossa coluna, pois é ela uma das principais estruturas que suportam o nosso peso. Sendo assim, a coluna passa a estar suscetível a desgaste por vários fatores, os quais precisamos ficar atentos para evitar ou conter suas evoluções. Conheça alguns deles abaixo:
- Envelhecimento – ao longo dos anos os discos intervertebrais começam a perder água e elasticidade, bem como a composição de minerais ósseos, que tornam a sua estrutura mais frágil e vulnerável ao peso e esforços diários.
- Excesso de peso: o aumento do sobrepeso e da obesidade ao longo dos últimos anos vem favorecendo uma sobrecarga cada vez maior à coluna, potencializando os riscos para a formação da hérnia de disco.
- Sedentarismo: Somado aos itens anteriores, temos uma frequência reduzida de atividades físicas, especialmente as que beneficiam o fortalecimento da coluna, como os exercícios que exigem força muscular.
- Má postura – Muito recorrente pelo uso intenso das novas tecnologias, tornando os corpos constantemente arqueados e em uma mesma posição por horas.
- Fumo, álcool e má nutrição, condições que somam para o enfraquecimento das vértebras e discos.
- Trabalho físico pesado: atividades que envolvem levantamento de peso ou movimentos repetitivos da coluna aumentam o estresse nos discos e contribuem para o desenvolvimento de hérnias de disco.
- Genética: algumas pessoas podem ter uma predisposição genética para desenvolver problemas nos discos intervertebrais, que em conjunto com os fatores listadores acima, aumentam as chances da hérnica de disco.
Quando a hérnia de disco precisa de uma intervenção?
Na grande maioria das vezes a hérnia de disco não precisa de manejos mais complexos e essa definição se dá a partir da não apresentação de sintomas. Uma vez que eles se apresentam, podem se dar da seguinte forma:
- Presença de dor crônica e limitação dos movimentos: a hérnia de disco muitas vezes causa dor intensa na área afetada da coluna vertebral, devido ao desenvolvimento de processos inflamatórios. Quando ela é persistente por mais de 3 meses e interfere nas atividades diárias é preciso procurar ajuda profissional.
- Fraqueza muscular: a pressão sobre os nervos adjacentes à estrutura do disco pode levar à fraqueza muscular com irradiação pelos membros dos braços e pernas. Isso pode comprometer a capacidade de realizar tarefas simples e causar desequilíbrios musculares.
- Formigamento e dormência: a compressão dos nervos também pode causar sensações de formigamento, dormência ou de alfinetadas. Esses sintomas também costumam se estendem para as áreas do corpo controladas pelos nervos afetados.
- Incontinência e problemas de controle da bexiga/intestino: nos casos mais graves, a hérnia de disco na região lombar pode comprimir os nervos que controlam o esfincter da bexiga e do intestino, resultando em incontinência urinária ou fecal.
- Complicações neurológicas: em casos extremos, a hérnia de disco pode levar a complicações neurológicas mais sérias, como a síndrome da cauda equina. Esta é uma condição de emergência que ocorre quando os nervos na parte inferior da medula espinhal são comprimidos, levando a uma perda de controle motor e sensorial nas pernas, além de outros sintomas graves.
Como tratar a hérnia de disco:
O tratamento de base da hérnia de disco é o clínico, baseado nas terapias convencionais medicamentosas orais ou injetáveis, bem como manobras fisioterápicas.
Apenas 5% dos casos tendem a não responder ao conjunto das propostas clínicas, onde devem ser realizadas cirurgias reparadoras, minimamente invasivas. Hoje, com a cirurgia videoendoscópica é possível operar a hérnia de disco com uma micro incisão, que possibilita menos manipulação de tecidos e sangramento mínimo, e por consequência uma recuperação mais rápida, com retorno breve às atividades cotidianas.
Para entender em detalhes sobre a hérnia de disco e seus tratamentos, você também pode ouvir o podcast que eu gravei a respeito do tema. É só acessar clicando aqui.