Você já sentiu dor nas costas após carregar algum peso extra, seja a mochila do dia a dia ou caixas na hora da mudança? Agora, pense no impacto de carregar esses quilos a mais todos os dias.
O sobrepeso e a obesidade estão entre os principais fatores de risco para dores na coluna, afetando milhões de brasileiros. Em minha atuação como neurocirurgião, vejo pacientes que não imaginam como o excesso de peso pode sobrecarregar suas vértebras e discos, intensificando a dor.
Não se trata de uma questão estética, mas do quanto que cada corpo consegue aguentar de maneira saudável.
Além da balança: a relação entre seu peso e coluna é estrutural
A região lombar da coluna funciona como a base de uma torre: ela sustenta todo o peso da parte de cima do corpo. Quando ganhamos peso, especialmente na região abdominal, essa “base” precisa trabalhar mais. A gordura extra empurra nosso centro de gravidade para frente, fazendo com que a coluna se curve de forma exagerada para manter o equilíbrio. Isso tensiona os músculos, estressa os ligamentos e comprime os discos que agem como “amortecedores” entre as vértebras.
Com o tempo, esses discos se desgastam mais rápido. Isso pode levar a condições como hérnias de disco, artrose nas juntas da coluna e estreitamento do canal por onde passam os nervos (estenose). Além disso, o excesso de gordura corporal causa inflamação constante no organismo, que aumenta a sensibilidade dos nervos e pode tornar os quadros de dor ainda mais presentes e/ou persistentes.
Na prática, vejo muitos pacientes presos em um ciclo doloroso: o peso a mais gera dor; a dor dificulta o movimento; e a falta de movimento impede a perda de peso. Isso transforma um incômodo pontual em um problema crônico e limitante- e é aqui que entra uma abordagem integrada.
Sobrepeso e dor nas costas: por que a solução exige mais de uma especialidade?
Meu trabalho como neurocirurgião é identificar se o problema causado pela sobrecarga da coluna é puramente mecânico, como uma hérnia ou compressão nervosa, inflamatório ou uma combinação dos dois. Em casos mais graves, em que o paciente apresenta limitação para andar ou se levantar, é possível recorrer aos procedimentos minimamente invasivos, como a discectomia endoscópica, técnica que permite retirar o material que está pressionando o nervo por uma pequena incisão, sem cortar músculos ou estruturas ósseas importantes. Em poucos dias, o paciente já consegue voltar a se movimentar, o que é essencial para iniciar a perda de peso com segurança.
Mas não é só isso. Atuo em conjunto com nutricionistas, fisioterapeutas e psicólogos. Juntos, criamos um plano realista de reeducação alimentar e fortalecimento da musculatura que sustenta a coluna. Também conhecida como “core”, essa é a área constituída pelo abdômen, parte inferior das costas e pelve, que funciona como se estivéssemos reforçando os cabos de aço de uma ponte: quanto mais firmes estiverem, menos impacto para as demais estruturas do corpo.
Por que agir agora contra a obesidade em prol da saúde da coluna?
- Menor risco de dor persistente: ao reduzir peso, reduz-se também a pressão excessiva sobre a coluna e, com isso, a tendência de dor crônica .
- Menos desgaste articular: menos peso = menos inflamação nas articulações da coluna, reduzindo o processo degenerativo.
- Vida ativa com mais qualidade: sem dor, você retoma atividades do dia a dia, como caminhar, praticar esportes, brincar com os filhos ou netos e trabalhar, tudo sem limitações.
Por isso, eu afirmo: o sobrepeso e a obesidade afetam sua coluna de forma direta e profunda. O excesso de peso sobrecarrega, enfraquece e inflama, um combo que amplifica a dor e limita sua qualidade de vida. Mas você não está só nessa jornada!
Com acompanhamento clínico, mudanças de estilo de vida e, quando necessário, intervenções cirúrgicas, vi pacientes retomarem a liberdade de movimento e deixarem a dor para trás. Se tem dúvidas ou quer dar o próximo passo em direção à coluna saudável, conte comigo!