À medida que nos aproximamos do final de mais um ano, é natural fazermos reflexões sobre o caminho que percorremos. Nesse contexto, eu, como médico neurocirurgião de coluna, tenho acompanhado com entusiasmo as inovações na neurocirurgia que envolvem as técnicas minimamente invasivas e regenerativas que vêm transformando a maneira como cuidamos dessa estrutura tão vital para a nossa saúde. Por isso, hoje quero compartilhar com vocês algumas das atualizações mais interessantes em três áreas promissoras.
Cirurgias minimamente invasivas e os benefícios para a coluna vertebral
Se você me acompanha por aqui há algum tempo, já sabe que sou um grande defensor e praticante de técnicas minimamente invasivas, como a endoscopia. Sem dúvida, essas abordagens têm revolucionado o manejo de condições como hérnias de disco e lesões nas costas.
A endoscopia, que teve seus primeiros registros no final do século XIX, e a laparoscopia, desenvolvida no início do século XX, marcaram o início de uma nova era na técnica cirúrgica. Atualmente, essas técnicas permitem acessar e tratar problemas na coluna vertebral por meio de pequenas incisões, utilizando uma câmera que fornece imagens detalhadas e precisas. Como resultado, isso reduz o trauma para os tecidos, diminui a dor pós-operatória e acelera a recuperação. No passado, cirurgias de grande porte eram a única opção para muitos desses casos; porém, hoje essas intervenções menos invasivas nos permitem obter resultados igualmente eficazes com menos impacto na vida dos pacientes.
Cirurgias robóticas: uma consequência das inovações tecnológicas
Outro avanço que posso citar é o uso da robótica, que começou a ser desenvolvida no início do século XXI, com os primeiros sistemas aplicados em neurocirurgia por volta de 2001. De fato, esse é um campo em rápido desenvolvimento, e suas aplicações estão se tornando cada vez mais acessíveis. Além disso, a robótica combina engenharia de alta precisão com as habilidades do cirurgião, permitindo que realizemos procedimentos complexos guiados com alta precisão.
O que torna a intervenção robótica tão especial? Essencialmente mais segurança. A sensação é como se tivéssemos uma extensão de nossas próprias mãos e olhos, aumentando a acuracidade de todo o procedimento.
A possibilidade de usar células-tronco no tratamento das lesões nas costas
Por fim, uma nova possibilidade de tratamento para as lesões na coluna. A medicina regenerativa — especialmente o uso de células-tronco. Essa pesquisa começou a ganhar força nas últimas décadas. As primeiras aplicações experimentais surgiram nos anos 1990. Foi apenas no início dos anos 2000 que os estudos começaram a mostrar resultados concretos no campo da regeneração de tecidos da coluna.
Essas células têm o incrível potencial de regenerar tecidos danificados. Isso abre caminho para tratamentos menos invasivos e mais eficazes para problemas como a degeneração dos discos intervertebrais. Embora ainda estejamos nos estágios iniciais de aplicação clínica, os avanços nessa área indicam que, em breve, poderemos tratar certas condições de forma completamente diferente. Reparar, em vez de substituir. É um passo empolgante na busca por soluções mais naturais e duradouras para os nossos pacientes. Especialmente nos casos de paralisia e paraplegia por lesão medular.
O futuro dos tratamentos para a coluna vertebral é promissor!
Os avanços na neurocirurgia, como técnicas minimamente invasivas e regenerativas são exemplo de como a medicina continua a evoluir em busca de soluções mais eficazes e menos invasivas. Como neurocirurgião, procuro fazer parte dessa jornada e estar sempre atento às inovações que podem melhorar a vida dos meus pacientes.
Neste mês de dezembro, enquanto nos preparamos para um novo ano, deixo uma mensagem de otimismo: a ciência e a tecnologia continuam a evoluir. E, com elas, nossa capacidade de cuidar melhor da coluna vertebral.
Desejo a você um final de ano com saúde, leveza e, claro, uma boa postura!
Dr. Alexandre Elias.
Neurocirurgião de coluna com foco em cirurgia minimamente invasiva e atua há 20 anos na área. É também especialista pela Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN), pela Sociedade Brasileira de Coluna Vertebral (SBC), mestre pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e research fellow em cirurgia da coluna vertebral na University of Arkansas for Medical Sciences (EUA). O médico ainda atua como preceptor de cirurgia de coluna vertebral no Departamento de Neurocirurgia da Unifesp desde 2007 e como membro do Hospital Sírio-Libanês e do Centro de Dor e Neurocirurgia Funcional do Hospital 9 de Julho. Foi Chefe de Coluna do Setor da UNIFESP de 2010 a 2015.