A dor nas costas parece familiar e, de certa forma, é mesmo: de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, este quadro doloroso é o segundo problema de saúde mais comum entre os brasileiros. A questão é que, com a pandemia, este cenário piorou a ponto de provocar um aumento de 20% no número de cirurgias de coluna durante a pandemia, segundo levantamento realizado pela Sociedade Brasileira de Coluna (SBC), comparando os primeiros nove meses de 2021 ao mesmo período de 2019.
Além disso, entre janeiro e julho do ano passado, mais de 55 mil trabalhadores solicitaram licença das funções de trabalho por conta de problemas na coluna. Segundo o Ministério do Trabalho, esta foi a segunda maior causa de afastamentos, atrás das dispensas causadas pela covid-19.
A coluna tem a missão de sustentar a nossa estrutura corporal, mas é ignorada por grande parcela da população até que passe a reclamar a falta de cuidados, especialmente por um quadro doloroso. Com a pandemia, o trabalho em casa, alterações de humor e pausa de muitas atividades físicas, causada pela necessidade do distanciamento social e refletida num sedentarismo com ganho de peso, isso ficou ainda mais claro.
Apesar de comum, a dor nas costas pode trazer implicações sérias, especialmente quando se apresenta de forma crônica, afetando até mesmo o convívio social ou provocando dependência física e financeira.
Aumento de cirurgias de coluna para alívio da dor
O assunto é tão importante, que foi tema da campanha anual promovida pela Associação Internacional para o Estudo da Dor, a IASP.
As pessoas sempre sentiram dores nas costas, mas agora elas estão piorando em intensidade e frequência. Isso se dá por alguns fatores mais específicos, como aumento do estresse e posturas inadequadas no cotidiano. Diversos trabalhadores precisaram aderir ao home office, mas quantos deles possuem cadeiras ergonômicas para passar tantas horas na sentados na mesma posição?
Entre os principais problemas identificados no levantamento da SBC, que têm levado os pacientes aos centros cirúrgicos, estão:
– Doenças degenerativas do disco, como as hérnias discais;
– Espondilolistese, caracterizada pelo escorregamento de uma vértebra sobre a outra.
Em ambos os casos, existe a possibilidade do tratamento clínico com medicamentos, como anti-inflamatórios, analgésicos e relaxantes musculares, além de fisioterapia e infiltrações. Quando estes não apresentam os resultados esperados, opta-se pela via operatória, que pode ser convencional ou minimamente invasiva.
Cirurgias minimamente invasivas da coluna oferecem mais benefícios
As cirurgias minimamente invasivas são realizadas por videolaparoscopia, com cortes menores e, portanto, menos risco de infecções e descolamento dos músculos. Estes fatores contribuem para que o indivíduo sinta menos dor no pós-operatório, bem como proporcionam uma recuperação mais rápida.
A microdiscectomia é uma das técnicas disponíveis, sendo grande aliada no tratamento da hérnia de disco lombar e com taxa de sucesso em torno de 95%. O procedimento acontece com um pequeno corte na pele, permitindo o acesso à a musculatura da região e o espaço entre as vértebras.
Por meio deste acesso, a raiz nervosa que está sendo afetada passa por um processo de descompressão, permitindo que o cirurgião retire o fragmento ou todo o disco intervertebral que está causando este problema. O paciente poderá voltar para casa no mesmo dia ou no início do dia seguinte ao procedimento.
Para explorar ainda mais este tema, produzi um episódio especial em meu podcast, o Hora da Coluna. O conteúdo pode ser ouvido no link a seguir: episódio 09# o aumento de cirurgias de coluna na pandemia.