Junho é dedicado à conscientização a respeito da escoliose, uma condição que afeta a coluna vertebral, com prevalência na infância e adolescência.
A escoliose é uma deformidade da coluna caracterizada por uma curvatura lateral anormal, em formato “S” ou “C’’, e que se apresenta por diferentes origens ou causas:
congênita, idiopática, neuromuscular ou degenerativa.
Saiba mais sobre cada origem da escoliose
Congênita – surge devido a malformações da coluna vertebral presentes desde o nascimento, sendo a forma mais rara. As malformações podem ocorrer pelo desenvolvimento incompleto ou anormal das vértebras durante a gestação.
Idiopática – é o tipo mais comum e não possui causa definida. Geralmente, manifesta-se durante o desenvolvimento na infância ou adolescência, sendo mais frequente em meninas.
Neuromuscular – resulta de condições que afetam os músculos e nervos, como paralisia cerebral, distrofia muscular ou espinha bífida. Nesses casos, a fraqueza muscular ou o controle motor prejudicado contribuem para o desenvolvimento da curvatura da coluna.
Como diagnosticar a escoliose?
O diagnóstico de escoliose pode ser feito de diferentes formas. Inicialmente, por meio de exame físico no qual o médico pede ao paciente para que ele incline o corpo para a frente, em um movimento similar ao realizado quando queremos tocar os pés, com as pernas esticadas. Nessa posição, um dos lados do tórax ou da região lombar aparece mais alto, fora de nível se o paciente tiver escoliose.
Outras alterações observadas no exame são a assimetria dos ombros e a distância do braço para o corpo e/ou quadris. Após o primeiro diagnóstico clínico, é solicitado um exame radiológico para a identificação do grau do desvio.
Contudo, há outras metodologias que podem auxiliar no diagnóstico, como o escoliômetro, um aparelho digital com uma pequena bola que oscila de posição conforme a inclinação da coluna, indicando os graus de inclinação em relação ao plano horizontal. Existe também uma ferramenta moderna, chamada Teste ScoliScore™ que se baseia na análise de 53 marcadores genéticos relacionados à escoliose. Ele permite ao médico estimar a probabilidade de progressão da curvatura da coluna em adolescentes já diagnosticados com escoliose idiopática.
Quais são os sintomas da escoliose?
Diferentemente de algumas doenças na coluna, os primeiros sinais da escoliose podem não ser dor, mas sim uma alteração postural visível. Algumas delas são:
- Má postura: a curvatura da coluna vertebral pode levar a um desvio visível das costas
- Desigualdade nas alturas dos ombros: um ombro pode parecer mais alto que o outro quando o paciente está em pé ou inclinado para a frente
- Rotação da coluna vertebral: em casos mais avançados, a coluna vertebral pode girar e levar a uma diferença na caixa torácica (meio das costas)
É importante não esperar que os sintomas se agravem, pois em alguns casos, quando a escoliose está presente desde a adolescência, a tendência é que ela evolua de 1 a 1,5 graus anualmente. Em quadros mais severos, ela pode trazer deformidades, problemas cardiorrespiratórios e até mesmo neurológicos.
Como tratar a escoliose?
Quando a escoliose afeta o paciente desde a infância, é comum indicarmos coletes ortopédicos para evitar a progressão do desvio na coluna e a necessidade de futura intervenção cirúrgica. Além disso, o tratamento conservador com sessões de fisioterapia também podem ajudar a tratar o problema por meio de exercícios físicos que auxiliam na melhora postural e fortalecimento da musculatura da coluna.
Progressões de escoliose com grau superior a 40º graus, que são considerados mais graves, podem demandar procedimento cirúrgico. Entre as técnicas disponíveis, a mais comum é a artrodese.
Nesse método, as vértebras passam por uma fusão com o uso de parafusos, a fim de reduzir o desvio e obter o melhor alinhamento possível da coluna.
Atualmente, os procedimentos que realizo para tratamento desses quadros são menos invasivos e envolvem incisões menores, além de trazerem melhor correção de deformidades, estabilização da coluna e melhores resultados a longo prazo.
O método de tratamento é decidido conforme as individualidades de cada paciente após avaliação clínica.
Por fim, é essencial compreendermos que a escoliose não afeta apenas a saúde física, mas também a condição emocional das crianças e adolescentes acometidas por ela. Ao sinal de alteração postural como as que trouxe aqui, busque orientação médica.
Para saber mais sobre a importância desse tema, ouça meu novo podcast dedicado ao Mês da Conscientização Mundial da Escoliose. Clique aqui para ouvir agora mesmo.