No Dia Mundial de Combate à Dor, especialista no tratamento da coluna dá dicas de como evitar problemas na região
Neste Dia Mundial de Combate à Dor, celebrado em 17 de outubro, paira um alerta sobre um assunto bastante comum que afeta a aproximadamente 80% da população brasileira: as dores nas costas. Trata-se de um problema que interfere em diversas esferas da vida do indivíduo, especialmente na sua capacidade funcional no trabalho, fato que é atestado pelo INSS ao reportar que a maioria dos pedidos de afastamento das atividades está relacionada ao distúrbio. Só em 2017 foram contabilizados 83,8 mil casos de licença por este motivo, segundo o órgão.
A prevalência dos casos de dores nas costas se dá por processos inflamatórios e degenerativos na região, sendo que ambos costumam ser potencializados por maus hábitos do próprio indivíduo. São erros posturais, sedentarismo, excesso de peso corporal e de carga empregada, além de atividades físicas inadequadas, que em geral passam despercebidos nas ações cotidianas, gerando desgaste das articulações e estruturas adjacentes. E quando somados aos fatores de predisposição genética, tem-se um quadro bastante favorável ao desenvolvimento de problemas crônicos e de mais difícil solução.
Como identificar
Não é difícil saber quando as costas doem. Mas se as crises são constantes e insistentes, persistindo por mais de três meses, é indício de que algo não está funcionando bem. Mas é preciso ter atenção! A automedicação, apesar de parecer uma solução eficiente e mais barata, pode trazer sérios riscos.
Se o indivíduo tem quadros dolorosos várias vezes e toma analgésicos para sanar momentaneamente o problema, pode estar mascarando uma doença mais grave. Por isso, recomendo que haja uma espécie de diário para registrar quantas vezes essas crises aparecem, com que intensidade e especialmente em quais situações. Isso facilita o diagnóstico de inúmeros distúrbios, como a hérnia de disco, espondilolistese e até tumores.
Tratamentos mais eficientes
E qual é o tratamento mais indicado para o controle da dor nas costas? Depende. Quanto mais cedo a disfunção que gera o sintoma for identificada, mais chances o paciente tem de responder positivamente ao método terapêutico escolhido. Inicialmente o tratamento é feito pela via medicamentosa, que pode sofrer alguns ajustes ao longo do caminho. Quando aliada a reabilitação postural e realização de exercícios de fortalecimento, tende a ser mais que suficiente.
Porém, casos mais resistentes podem ter indicação de procedimentos cirúrgicos. Quando a disfunção é crônica, precisamos agir direto na coluna. Um dos recursos que temos é injetar opioides específicos na estrutura da coluna. A toxina botulínica A e o CBD, derivado do canabidiol, também estão sendo considerados atualmente. Para além disso, com o avanço da medicina, felizmente podemos contar com diversas possibilidades de cirurgias minimamente invasivas, com cortes reduzidos e menor tempo de recuperação.
Listo agora algumas medidas que podem ser de grande valia tanto para quem sofre com as dores como para aqueles que querem se prevenir. São elas:
1) Atenção ao uso de saltos: o uso de sapatos com saltos, especialmente os mais finos, pode prejudicar o pescoço e a lombar ao longo do tempo. Isso porque ao andar, os ombros são projetados para trás e a cabeça para a frente, mudando a angulação da coluna. A dica é reduzir o tempo em cima deles e buscar opções que tenham elevação entre 2 e 3 cm, ou ainda solados com sistema que minimize o impacto do peso corporal contra o solo.
2) Observe a angulação do pescoço ao usar o celular: a cabeça inclinada força o pescoço além do necessário, sobrecarregando a região e toda a cervical. O excesso de peso também se reflete nos ombros e costas, podendo até mesmo ocasionar hérnias de disco. Para evitar o problema, basta colocar o telefone na altura dos olhos.
3) Cuidados ao dormir: seja qual for o material do travesseiro, o importante é que a sua elevação esteja alinhada com a cabeça, fazendo com que não seja necessário dobrar o pescoço para cima ou para baixo. Usa-se, como média, uma altura de aproximadamente 10 centímetros. A mesma atenção vale para o colchão, que deve acolher o corpo com flexibilidade, mas não permitir que ele afunde. A posição de dormir também é importante, sempre de lado e não de bruços ou barriga para cima.
4) Alimentação equilibrada: a obesidade pode trazer consequências sérias para a saúde da coluna e corpo como um todo, sobrecarregando suas estruturas. Controlar o peso por meio de uma alimentação balanceada, rica em proteínas, verduras, legumes e frutas é o caminho.
5) Praticar atividades físicas sob supervisão: os exercícios ajudam no fortalecimento de músculos e ossos, liberam hormônios que reduzem a dor, melhoram a capacidade funcional e, por fim, a qualidade de vida.